quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Curso Teoria Ator-Rede #TBT 02

Olá Pessoal!!!

Continuando as postagens da retrospectiva de 2018 em forma de #TBT, o link da primeira aqui
Hoje quero compartilhar um curso de extensão que fiz sobre a Teoria Ator-Rede de Latour.
Segue o relatório da visita técnica no Parque dos Falcões em Itabaiana - Sergipe.


UM OLHAR CURIOSO SOBRE A INTERAÇÃO DAS AVES DE RAPINAS

Este relatório é referente a visita técnica ao Parque dos Falcões, situado no município de Itabaiana-SE, sob a orientação do Prof. Dr. Humberto Vianna do curso de extensão Teoria Ator-Rede, Linguagem e Agência não humana na Universidade Federal de Sergipe, Campus Alberto Carvalho. Segundo Freire (2006), o francês antropólogo, filósofo e sociólogo Bruno Latour desenvolveu uma pesquisa de campo sobre a prática científica. Para ele não existe separação entre conteúdo científico e conteúdo social. Todas as nossas crenças precisam ser consideradas, ele chama de estudos das ciências em construção social, também defende uma simetria entre natureza e sociedade pois ambas são redes heterogêneas que podem ser tratadas sob o mesmo olhar. Desse modo, a dupla humano e não humano tem a mesma importância de tratamento porque há interação tanto do primeiro como do segundo. A proposta do curso ao visitar o Parque dos Falcões foi observar a interação do não humanos, neste caso os animais. Este tipo de observação é conhecida por Etologia que é a ciência que estuda o comportamento animal.

(Foto Arquivo Pessoal)

Ao chegarmos no local fomos recepcionado pelo Biólogo Alexandre que foi nos apresentando o parque como todo. Logo na entrada fica uma família de corujas que disputam território entre fêmeas com fêmeas e machos com machos, a fêmea que ganhar expulsa do território o macho da perdedora. As corujas se alimentam de insetos e animais rastejantes através de emboscada. Elas tem hábitos diurnos e noturnos, por isso não tem sono profundo e cochilam em pé, caso encontre alguma deita é transtorno ou chocando ovos. Em seguida fomos até o recinto do Urubu-rei, ele vivo não faz parte da cadeia alimentar de ninguém, caso for atacado por algum outro animal, usa o ácido podre como repelente para não ser comido, faz tudo pra não brigar até que não aguenta e atacar com o bico. Diferentemente do gavião o macho é sempre maior do que a fêmea. Ele não só se alimenta de carniça e come também carne crua por causa do bico afiado. Eles brincam macho com macho, fêmea com fêmea, usam a crista como linguagem corporal para se comunicar um com os outros e andam agachados. O gavião tem um comportamento de expulsão dos filhotes, eles fazem vários ninhos mas escolhe apenas um para pôr os ovos, os ninhos que não são colocados os ovos, eles usam para limpar os alimentos antes de alimentar os filhotes, não levam a caça diretamente para os filhotes para não mata-los com algum parasita, quando os filhotes estão preparados para serem expulsos eles aprendem a se virarem sozinhos. As paredes das gaiolas são suja de fezes por gavião e águia, as corujas e os falcões defecam em direção ao chão, o jato de fezes na parede é considerado higienização para não defecar em cima do ninho e ser criadouro de parasitas que transmite doenças para a família. Alguns animais trazidos para o parque são medicados e se necessário fazem fisioterapia, quando tem um animal reprodutor ele deve continuar com o instinto selvagem por que se for humanizado ele não serve mais como reprodutor, o biólogo disse que animais treinados por humanos não se reproduzem, raros são os casos que podem reverter a situação. Quando o animal é domesticado e depois volta ser selvagem, ele avisa que vai bicar por causa do instinto selvagem. Um caso curioso foi o casamento de um coelho com um carcará, as atitudes do coelho foram sendo modificadas por causa do convívio com o caracará, um limpava o outro, um corria atrás do outro, o coelho era o macho e o carcará era a fêmea, o biólogo acredita que por isso não deu certo o coelho não conseguia coabitar com a ave que era bem mais alta. As aves não sobrevoam durante o dia devido ao calor do sol fazendo-as gastar muito energia, por isso quando começa anoitecer os predadores começam a caçar suas presas. Almas aves tem o cainismo, isto significa quem nasce primeiro matar o irmão que ainda vai nascer bicando seu ovo para ser alvo de parasitas e morrerem, eles tem como linguagem corporal de observar e na primeira oportunidade pegar a presa. Quando um animal humanizado e outro selvagem estão na mesma gaiola, o selvagem começa ficar tranquilo porque o animal domesticado consegue tranquilizar o animal selvagem. Tem alguns animais que imitam urubu para passar próximo aos humanos sem serem atacados, porque as aves fêmeas são maiores e mais bonitas por isso são as mais caçadas e traumatizadas pelos os humanos, as fêmeas são mais dóceis e inteligentes são alvo dos traficantes de animais. A coruja para estabelecer território ele luta com outra e a vencedora é que manda no recinto, o filhote que não lutou é excluído pela família, mesmo assim alguns conseguem continuar no mesmo território por afinidades que possa contribuir para sua permanência no local. A Harpia ou Gavião real como também é conhecida, faz triangulação do ouvido esquerdo, direito e olhar, tem mordida de um lobo selvagem, tem que entrar com respeito como se estivesse entrando numa jaula de leão. Os humanos são muito cruéis com as aves por causa das lendas, como por exemplo, matar corujas para não rasgar a “mortalha” nas residências e cortar suas asas para não marcar território. Os animais que chegam no parque ficam em observação durante quinze dias, porque só depois desses dias ele vai mostrar quem realmente ele é, pode até chegar submisso ou selvagem, mas só depois dessa observação é a sua personalidade verdadeira se revelará. É na linguagem corporal que as aves demonstram se estão ou não gostando da presença dos visitantes. Algumas corujas começam camuflar magreza pensando que vão ser atacados por eles, os filhotes ficam camuflados para não se perder no ninho. O carcará não gostam de isolamento, precisam um do outro nem que seja para brigar, eles são adaptáveis em qualquer lugar. A linguagem corporal é virar a cabeça para atrás pra brigar. Quando qualquer animal faz muito barulho é transtorno mental ou se sente ameaçado. No parque tem um urubu albino fêmea que foi excluída pela família. Os urubus usam as fezes como repelente natural contra parasitas. Diferentemente do que a maioria pensa os urubus são muito limpos, segundo o biólogo do parque. Também tem um urubu fêmea com gravidez psicológica e fica no ninho pensando que tem um ovo para ela chocar.

Algumas curiosidades sobre as aves de rapinas: elas são carnívoras, tem bico curvado e afiado, garras fortes, excelente visão e audição, um voo poderoso que rapta sua presa eleva consigo para devorá-la longe de outros predadores.

As aves de rapinas são divididas por: Accipitriformes (águias, gaviões e abutres); Cathartiformes (urubus e condores); Falconiformes (falcões e carcarás); e strigiformes (corujas).

Conclusão: Diante do que foi observado no comportamento dos animais no parque do falcões, não podemos separar a natureza das culturas, a linguagem corporal estar por todos os lados seja nos humanos ou nos não humanos, os fenômenos modernos permitem esta interação entre eles, para serem analisados e compreendidos pela sociedade contemporânea. Os atores sejam eles humanos ou não, são modificados na rede onde estão inseridos, e isto foi percebido entre os animais em cativeiros e os que chegam maltratados pelos humanos para serem cuidados no parque.

REFERÊNCIAS
FREIRE, Letícia de Luna. Seguindo Bruno Latour: notas para uma antropologia simétrica, in: Revista Comum, Editora das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA). Rio de Janeiro: 2006.

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