Atividades Acadêmicas



O debate Piaget - Vygotsky
A busca de um critério para sua avaliação
(Jose Antonio Castorina)

 

1-    Relação desenvolvimento e aprendizagem:
Os teóricos Piaget e Vygotsky acreditavam no desenvolvimento e na aprendizagem. Para Piaget cada individuo tem seu ritmo e por isso o nível de desenvolvimento e aprendizagem tem um limite para aprender o que esta sendo adquirido pelo individuo. Vygotsky idealizava a aprendizagem como um impulso de forma positiva ao comportamento do desenvolvimento intelectual do individuo. Apesar das divergências ambos tinham pontos de vistas semelhantes.

2-    Papel da interação social:
Tanto para Piaget como para Vygotsky, o ambiente escolar exige-se interação social. Para Vygotsky a fonte de modelos para que se possa construir a aproximação é o ambiente escolar, a aprendizagem e o desenvolvimento são adquiridos pela motivação. Já Piaget acreditava na interação das crianças com os colegas e adultos através de uma construção anterior por causa da desequilibração.

3-    Significado das praticas escolares:
As duas teorias se divergem, Piaget considerava o conhecimento como uma construção individual e Vygotsky acreditava que toda construção é mediada por fatores externos. Para Piaget os fatores sociais influenciam a desequilibração individual, para ele a verdadeira construção do conhecimento é copiada por um modelo imposto pelo professor e pelo sistema educacional. Já Vygotsky a construção do conhecimento é mediada pelo professor e pelo programa institucional onde devem modelar ou explicar o conhecimento, a criança copia o que esta socialmente exposto e a disposição. A criança constrói a partir do que os professores oferecem como transmissão de saberes.

4-    Papel da linguagem do desenvolvimento, relação entre linguagem e pensamento:
A divergência em relação ao papel da linguagem no desenvolvimento intelectual é bastante significativa entre os dois teóricos. Para Piaget a linguagem é uma manifestação simbólica onde o individuo usa símbolos para poder representar, para ele a linguagem facilita mais não é necessária ao desenvolvimento, pois segundo ele o avanço intelectual se dá através da ação e não da linguagem. Já Vygotsky acredita que a linguagem e a interação são fundamentais para o desenvolvimento que impulsiona a ação do individuo, ele coloca a linguagem oral como um processo psicológico adquirido na vida social e na internalização de atividades sociais através da fala. Ele atribui à linguagem uma função comunicativa na formação do pensamento e da consciência, na organização e planejamento da ação.

5-    Influencia de fatores externos e internos do desenvolvimento e na construção do real:
Para Piaget o conhecimento é construído individualmente enquanto Vygotsky trata o individuo como agente e o meio externo, onde os indivíduos interagem socialmente construindo o conhecimento. Para Piaget há uma lógica no erro, por isso a criança tem chance de errar e construir, para haver desequilíbrio necessário para novas aquisições. Vygotsky entende que a criança já nasce num mundo social e vai interagindo com os adultos e outras crianças, para ele a construção do real é do social para o individual ao longo do desenvolvimento intelectual.

Referências: CASTORINA, JOSÉ ANTÔNIO.  "O debate Piaget-Vygotsky: a busca de um critério para sua avaliação". In: Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. São  Paulo:  Ática, 1988. p.7-50.

O que é Tecnologia da Informação e Comunicação?

Tecnologia da informação e comunicação (TIC) pode ser definida como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum. As TICs são utilizadas das mais diversas formas, na indústria (no processo de automação), no comércio (no gerenciamento, nas diversas formas de publicidade), no setor de investimentos (informação simultânea, comunicação imediata) e na educação (no processo de ensino aprendizagem, na Educação a Distância). (Fonte: http://www.infoescola.com/informatica/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/)



A era tecnológica é um fato que acontece na maioria dos países capitalista, mas infelizmente nem todos tem acesso as TIC e por isso existe um paradoxo em alguns países em relação à tão famosa TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO. Como por exemplo, no Brasil se fala muito em informatizar as escolas públicas e dá oportunidade de acesso aos alunos que não tem computador em casa e a realidade dessas escolas e desses alunos são bem diferentes do que se imagina. Nas escolas públicas existem vários projetos para investir em tecnologia nas escolas, mas como investir nessas tecnologias se não existe estrutura adequada para esses projetos? É necessário fazer um planejamento antes para ser evitados problemas, tipo manter a manutenção dos computadores em dia, preparar profissionais de educação para atuarem juntos aos seus alunos os recursos tecnológicos existente na escola e etc. O custo desses projetos são muito alto e por isso fazer um diagnóstico antes de executar seria o ideal para evitar inúmeros problemas que eventualmente surgirão. Portanto, a maioria das escolas públicas não estão preparadas para executar as TIC como suporte para o ensino-aprendizagem dos seus alunados, e é preciso agir rápido por que existem países preparados e dispostos a crescer tanto economicamente como territorialmente através das tecnologias da informação e da comunicação.

A GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR



A Gestão Democrática Escolar está relacionada ao processo da construção da cidadania com uma escola de qualidade, por isso é deverá ser feito um plano de gestão para que as metas e os objetivos, pelo ao menos na sua maioria, sejam alcançados. Mesmo com muita dificuldade a escola é uma instituição que acompanha os movimentos, não tão rápido como outras instituições, pelo ao menos tenta manter o básico dos básicos para manter a aberta para toda comunidade.

A maioria das escolas públicas a Gestão Escolar é por indicação política e também a maioria não existe Plano de Gestão, com alegação de que não é uma ação cobrada. Mas para gerir são feitas reuniões periódicas entre os membros, para serem definidas as ações. Falta de funcionários capacitados são uma das queixas dos gestores e também a falta de acompanhamentos dos pais com relação aos estudos dos filhos, os professores insistem vivenciar um ensino tradicional e por isso a gestão democrática fica impedida de ser realizadas por completo, sendo assim fica muito difícil para um gestor alcançar seus objetivos e metas para o ensino-aprendizagem produtivo.

A construção do conhecimento através da gestão é um dos grandes desafios, porque os gestores vão assumir toda parte formal e informal das finanças, pagar, comprar, receber, são rotinas que exigirão práticas em raciocínio lógico e pragmático, é claro que as ideias serão bem vindas desde que contribua para sua gestão. O gestor terá que ser perceptivo a realidade, podendo escolher modelos e metodologias para construir sua gestão. Também terá que intervir diante dos problemas pertencentes à gestão democrática, usar metodologias de acordo com a realidade dos problemas, terá que se apropriar de inúmeros instrumentos de gestão para poder resolvê-los. Terá que reajustar o seu modelo de gestão conforme os acontecimentos e realidade que aparecerão durante sua gestão. Executará os processos com cautela porque o resultado do processo não pode ser o esperado por isso toda atenção e percepção é fundamental nesse momento. Ser gestor é ser uma pessoa competente e com habilidades profissionais, para que possa executar uma gestão mais próxima da realidade da comunidade escolar, sem deixar de lado o principal de uma instituição de ensino, que é a transmissão e construção do conhecimento dos seus alunos.

Portanto, quando se fala em escola, nos faz lembrar de um ambiente educativo, com práticas educativas e de aprendizagem. Segundo Vygotsky, todos os sujeitos da escola podem aprender com a organização e gestão da escola, para isso terá que haver uma motivação cognitiva de todos envolvidos da escola. A organização escolar tem que ter todo envolvimento de pessoas com os mesmo objetivos e relações interpessoais, por isso uma escola bem organizada e gerida assegura o sucesso de aprendizagem tanto dos professores como dos alunos.


Livro:  Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática autor: José Carlos Libâneo. Capitulo Apêndice 1: Práticas de organização e de gestão da escola e efeitos na aprendizagem de professores e alunos.

A Organização Do Processo Educativo Na Lógica Do Capital


Para a manutenção do sistema capitalista é necessário que a lógica do capital esteja inerente à desigualdade social e a influência preponderante dele sobre o trabalho tem como suporte os aparelhos ideológicos e um deles que foi pensado, planejado e construído foi a Escola.
A escola capitalista não é neutra, tem objetivo, tem intencionalidade e reproduz na organização do processo educativo a organização social vigente. O projeto e a concepção de educação estão relacionados com o projeto e concepção de mundo, de ser humano e de sociedade.
Na sociedade capitalista, a escola tem função de treinar os indivíduos para papéis determinados, funções sociais conforme a classe que pertencem. A escola deve responder as necessidades do mercado capitalista, sendo até considerada uma mercadoria. Ela não é e não pode ser um campo neutro, porque é um ato político.
As modificações de processos educativos nos faz acreditar que é para todos, mas na verdade é uma armadilha sutil do sistema para manter-se sem transformação. A função da escola é a reprodução, adaptação do sistema reprodutivo e não de fragmentação afetando de frente a organização da escola. As contradições do sistema capitalista:
a)      Relação professor-aluno: Imposição do professor sobre o aluno numa relação de poder. O autoritarismo é natural e o aluno cabe a obedecer e submeter-se. Justifica-se que tais atitudes são necessárias para aprender. Impedindo dos alunos de pensar, de questionar e de descobrir outra forma de relação. A intenção do sistema capitalista para manter-se é necessário que os trabalhadores obedeçam e não pensem.
b)      Avaliação: É a legitimidade de poder do professor sobre o aluno e manter uma relação de submissão. Além disso, excluem as classes populares da escola.
c)      Conteúdos: além das disciplinas de português, matemática entre outra, tem a construção de atitudes e valores na lógica do sistema capitalista, quem se esforça mais naturalmente serão vencedores.
A escola capitalista não se preocupa com as relações humanas, ela precisa ensinar as relações das coisas. Ela não pode contribuir com a formação dos sujeitos construtores de suas vidas, isso é muito perigos para o sistema. Seu papel não é provocar a mudança, a desigualdade social é uma necessidade para a manutenção do sistema, incorporada e inquestionada pela escola nas práticas cotidianas.
A criança quando chega à escola é considerada igual, não estão interessados nas condições sociais que cada uma está inserida e ainda justifica essa atitude dizendo que não é justo tratar de forma diferenciada das outras crianças. Estabelecem os mesmos tempos, métodos, conteúdos e tratamento com um discurso de “Educação para Todos”. E quem não atinge os objetivos é porque não se esforçou e nem um momento isso é considerado injusto.
Assim como trabalhador carrega em seus ombros o peso do fracasso por ser desempregado, a criança carrega o peso do fracasso escolar por não ter se esforçado mais, por ser "burra" ou por não ter capacidade de aprender. Essas desigualdades sociais e desigualdades escolares é o que mantem a lógica do capitalismo.

LIVRO: Teoria e prática da educação do campo: análises de experiências / organizadoras, Carmem Lúcia Bezerra Machado; Christiane Senhorinha Soares Campos; Conceição Paludo. – Brasília: MDA, 2008. 236 p.: il.; 23 cm. -- (NEAD Experiências).


IDENTIDADES SURDAS (GLADIS T. T. PERLIN)


(Fonte da Imagem: Internet)


A autora mesmo sendo surda, teve que deixar de lado suas suposições para se colocar no sujeito surdo que foi pesquisado. Como pesquisadora foi necessário que o próprio sujeito falasse de si mesmo. Assumir a identidade surda é muito complicado porque para alguns as consequências podem ser positivas ou negativas, de acordo com a diversidade e implicações vividas por cada um deles.
As identidades são plurais, múltiplas, contraditórias, se cruzam, se deslocam é algo que está sempre em construção e em movimento. Identidade surda é reprimida, subordinada pelos ouvintes numa relação de poder, por isso que alguns surdos preferem se relacionar com outros surdos e juntos vão assumindo sua identidade surda, eles geram poder para si e para outros que desejam assumir a sua identidade sociocultural. Os surdos são estereotipados com uma imagem negativa e marginalizada, reforçando a relação de poder discriminatória dos ouvintes para com eles. Os ouvintes acreditam que os surdos são pessoas frias e desprovidas de culturas, incapazes de realizar uma vida profissional intelectual, como se os surdos só podem executar profissões que exigem força braçal. Mais vale o que ele produz do que ele representa intelectualmente.
Surdez não é deficiência, na verdade o que existem são diferenças e diversidades surdas. Infelizmente a existência do biculturalismo e do bilinguismo tem mascarados normas que mantem a cultura surda incomoda para os ouvintes. Os surdos ficam impedidos de assumirem suas identidades, eles são obrigados assumirem como se fosse duas entidades para que possam ser aceitos pela sociedade. Ser surdo é pertencer a um mundo visual e não auditivo, por isso não adianta usar os signos ouvintes ele só vai entender os signos visuais.
Ouvintismo deriva daqueles ouvintes que se sentem superior ao surdo e por isso o surdo tem obrigação de entender e saber os seus significados, é o mesmo do que se refere ao estudo do surdo como deficiência clínica e que precisa ser norma para ser aceito.
Existem três formas de ouvintismo presentes em nosso meio: 1) Ouvintismo tradicional: condicionam os surdos a serem oralizados, não dão alternativas a não ser continuarem sendo surdos e subalternos aos ouvintes; 2) Ouvintismo natural: defendem a igualdade natural de surdos e ouvintes, porém incentiva os surdos serem bilinguistas e biculturistas reconhecendo em parte a cultura surda, principalmente reprimindo a língua de sinais; 3) Ouvintismo crítico: tem aproximação com a solidariedade, admite a diferença e a identidade surda, batalha pelos direitos dos surdos, porém a superioridade continua inerente aos ouvintes de língua majoritária.
As identidades surdas criam um espaço cultural visual dentro de um espaço cultural diverso. São grupos de surdos que se encontram para compartilhar a mesma comunicação visual e consciência pelos seus direitos com cidadãos. As identidades surdas híbridas são surdos que nasceram ouvintes e se tornaram surdos, é complicado assumir identidades diferentes em diferentes momentos. As identidades surdas de transição são surdos que nasceram de pais ouvintes e passaram a fazer parte da comunidade surda, chamada de desouvintização deixando sequelas que são representadas em sua identidade em reconstrução de diferentes etapas de sua vida. As identidades surdas incompletas são aqueles surdos que vivem sob uma ideologia ouvintista representada por aqueles que deseja socializar os surdos com a cultura dominante. É o surdo que nega a identidade surda ou vivem em cativeiros pelos seus familiares incapacitando-os de chegarem ao saber. Por último as identidades surdas flutuantes são surdos que querem ser ouvintizados e desprezam a cultura surda, é uma identidade sendo construída por fragmentos de um surdo que não sabe a língua de sinais e também por não estar a serviço da comunidade ouvinte.
As identidades surdas e relações de poder criados pelos ouvintes para disciplinar e colonizar os surdos podem ser vista na integração que distingue, reprime, explora e forma uma grade de controle sobre uma cultura nativa. O mito de que a norma para seres humanos consiste em falar e ouvir leva a olhar para o surdo e dizer que ele é um selvagem.
O movimento surdo é o lugar de resistência para a cidadania surda e responsável direto pelo novo impasse na vida do surdo contra a coesão ouvinte. O objetivo do movimento surdo é revelar as forças subjacentes nos estereótipos encontrados nas diversas instituições sociais.
No movimento estão presentes surdos e ouvintes solidários que se unem numa oposição aos efeitos das forças tradicionais ouvintes. Muitos surdos discordam de algumas medidas e novamente a causa de muitas lutas inacabadas e a insegurança de que nem tudo é pelo surdo. É um desafio contra todas as formas que tendem a limitar, ao invés e prosseguir aprimorando o projeto de emancipação humana.

Portanto os surdos e os ouvintes que simpatizam com a identidade surda precisam se fortalecerem e defenderem sua capacidade de sujeito surdo e representar um contato politico de sua identidade. Importa deixar os surdos construírem sua identidade, assinalarem suas fronteiras em posição mais solidária que crítica. A educação tem que caminhar no sentido da identidade do surdo, permitindo também a presença do professor surdo e que novas hipóteses sejam levantadas, novos achados sejam necessários, entre eles sobressai a urgência de dizer que o surdo é sujeito surdo.

Referência:
PERLIN, Gladis. Identidades surdas. In: SKLIAR, Carlos (Org.). A surdez – um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2005. p. 51-73.

Nenhum comentário:

Postar um comentário